A recente eleição para o Conselho Federal de Medicina (CFM) reacendeu o debate sobre a influência do partidarismo na prática médica no Brasil. Com a ascensão de lideranças bolsonaristas, há preocupações sobre como essa mistura pode comprometer a saúde pública. A politização da medicina não é novidade, mas a atual conjuntura levanta questões sobre a integridade das práticas médicas e a qualidade do atendimento aos pacientes.
Historicamente, médicos têm se envolvido em questões políticas, muitas vezes alinhando-se a diferentes espectros ideológicos. Essa participação pode ser benéfica, contribuindo para o desenvolvimento de políticas de saúde. No entanto, quando a política começa a ditar práticas médicas, o risco de um charlatanismo oficializado aumenta, especialmente quando interesses econômicos e políticos se sobrepõem à ciência.
A influência das tendências políticas dos médicos sobre o atendimento ainda é um tema de debate. Pesquisas internacionais indicam que, embora não haja conclusões definitivas, há nuances na forma como médicos abordam questões como aborto e uso de substâncias, dependendo de suas inclinações ideológicas. Isso levanta preocupações sobre a imparcialidade e a qualidade do atendimento médico.
A medicina moderna se consolidou ao se distanciar de práticas não científicas e ao adotar currículos rigorosos. No entanto, a proliferação de escolas médicas privadas com formação inadequada ameaça esse progresso. A situação é agravada por dirigentes do CFM que ignoram evidências científicas em favor de interesses políticos, colocando em risco a saúde pública.
O aumento no número de médicos com formação questionável é um problema crescente. Entre 2002 e 2024, as matrículas em cursos de medicina aumentaram mais de 200%, muitas vezes sem a devida qualidade. Essa situação é explorada por governos que, em busca de apoio político, contratam médicos sem revalidação de diplomas, comprometendo a qualidade do atendimento.
A interseção entre medicina e política requer uma abordagem cuidadosa. É essencial que a prática médica seja guiada por princípios científicos e humanistas, colocando sempre o bem-estar dos pacientes em primeiro lugar. A politização excessiva pode desviar a medicina de seu propósito fundamental, que é cuidar da saúde das pessoas.
Para garantir uma prática médica de qualidade, é necessário que o CFM e outras entidades de saúde se comprometam com políticas que priorizem a formação adequada dos profissionais. Além disso, é crucial que governos e instituições resistam à tentação de usar a saúde como ferramenta política, assegurando que as decisões médicas sejam baseadas em evidências e não em interesses partidários.
A saúde pública no Brasil enfrenta desafios significativos, e a politização da medicina é um deles. É vital que a sociedade, os profissionais de saúde e os formuladores de políticas trabalhem juntos para garantir que a medicina permaneça uma prática dedicada ao bem-estar dos pacientes, livre de influências políticas que possam comprometer sua integridade.